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04/07/2003
Mexicanos recorrem a brindes para atrair votos

Durante a campanha eleitoral que terminou na quarta-feira e culminará com as eleições legislativas e estatais deste domingo, os partidos mexicanos distribuíram todo tipo de presentes entre os eleitores, como kits de primeiros socorros, bolsas, bonés e até um computador.

Segundo um relatório publicado hoje no jornal El Universal, o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México durante 71 anos, até a chegada ao poder do presidente Vicente Fox em 2000, gastou cerca de 80 milhões de pesos (US$ 7,6 milhões) em "brindes". Nesta categoria se incluem chaveiros, canetas, cinzeiros, leques, aventais, bolsas, camisetas, cartazes, entre outros objetos.

O subsecretário de Administração do PRI, Héctor Luna, explicou ao jornal que a propaganda à base de "utilitários" tem um impacto estratégico entre os eleitores. "Segundo análise de pessoas experientes do PRI, o impacto para uma motivação de caráter eleitoral têm memória curta, de 25 dias. Daí que se veja a abundância de propaganda deste tipo se multiplicar nos dias anteriores à disputa", explicou.

O governista e conservador Partido Ação Nacional (PAN) gastou uma quantia não especificada em presentes e se centrou em pacotes escolares e kits de primeiros socorros, que incluíam água oxigenada, analgésicos, antidiarréicos, anti-sépticos, gazes, álcool e algodão. O PAN também distribuiu entre seus simpatizantes objetos tradicionais como bonés, canetas, chaveiros, isqueiros e recipientes para guardar alimentos.

O esquerdista Partido da Revolução Democrática (PRD), a terceira força política do México, incorporou as rifas aos presentes tradicionais, cujo custo total também não foi divulgado. Alguns de seus candidatos venderam cupons de sorteios de computadores casa por casa, ao mesmo tempo que aproveitavam para expor suas promessas de campanha.

Além disso, alguns candidatos ofereceram vídeos editados pelo PRD sobre "Amigos de Fox" e o "Pemexgate", os dois casos de suposto financiamento irregular envolvendo o PAN e o PRI respectivamente. Para 2003, o Instituto Federal Eleitoral (IFE) destinou 5,303 bilhões de pesos (US$ 509,9 milhões) aos 11 partidos políticos com registro.

Destes recursos, o PRI recebeu 1,428 bilhão de pesos (137,3 milhões de dólares); o PAN, 1,282 bilhão de pesos (US$ 123,2 milhões); e o PRD, 565 milhões de pesos (US$ 54,3 milhões).

Apesar dos esforços dos partidos para atrair votos, uma pesquisa publicada hoje no jornal Reforma revela que 52% dos mexicanos consideram que as campanhas não serviram para nada e porcentagens similares as consideraram monótonas e exageradas. Em relação à polêmica campanha publiciária oficial de promoção de voto, que, depois de receber fortes pressões da oposição e do IFE, foi retirada por Fox na semana passada, 50 por cento dos indagados consideraram que era propaganda a favor do PAN, contra 36 que disseram que o objetivo era apenas incentivar a participação eleitoral.

Segundo outra pesquisa da Escola Nacional de Antropologia e História e da empresa Estatística Aplicada publicada hoje no jornal "Milenio", 78% dos mexicanos são contrários à participação da Igreja católica na política Neste domingo, cerca de 65 milhões de mexicanos estão convocados às urnas para escolher os 500 deputados da Câmara Baixa federal e autoridades locais em 10 dos 32 estados do país, entre eles seis governadores estatais.

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