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21/11/2003
Rapadura ganha novo design para conquistar público

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) junto com o Serviço Nacional da Indústria (Senai) desenvolveram uma nova forma para a comercialização da rapadura. Foram criados um novo formato, embalagens e displays, a partir do resultado de uma pesquisa, onde a maioria dos entrevistados disse que o formato do produto não tinha praticidade. A idéia do projeto é atingir um público diferenciado e de maior poder aquisitivo.

"A nova embalagem e o formato têm apelo comercial. Para exportar é mais fácil porque tem a característica de um produto natural, feito em um processo artesanal", disse Eduardo Maciel, coordenador do Via Design do Sebrae em Pernambuco. A aproximação da área de desing com as pequenas empresas tem melhorado a qualidade de produtos e serviços.

Pernambuco ainda não exporta rapadura, mas há mercado para isso. "Antes de exportar, é vital ter um design e uma apresentação diferentes para a rapadura", explica Maciel. A demanda do mercado exterior por produtos naturais facilita a exportação. As características artesanais e a não utilização de conservantes na rapadura faz com ela entre no nicho do fair trade, ou comércio justo - produtos que são mais valorizados no mercado internacional.

A equipe está conduzindo o processo de adequação para atender também o público infanto-juvenil. De acordo com Maciel, o projeto foi apresentado este ano e será realizado um trabalho de sensibilização com os produtores.

"A rapadura é um alimento energético. Queremos aliar à alimentação do esportista, do jovem e da criança. Um exemplo é que pode substituir as barras de cereais", disse Alfredo Pinho, do Senai. Pinho fez pesquisa de pós-graduação em Montevidéu, Uruguai, desenvolvendo uma nova embalagem para a rapadura. O trabalho, que foi premiado pelo governo italiano, consiste em uma barra triangular, fácil de portar e de consumir.

O novo formato inclui uma embalagem com iconografia nordestina e com a especificação dos valores nutricionais. E para atrair o público infantil, algumas serão bem coloridas. "A idéia é vender nos supermercados embalagens de 150 gramas, ao preço de um real. Será um aumento de 1000% nos lucros", explica Pinho. Atualmente, a produção da rapadura de meio quilo custa R$ 0,17 centavos e é vendida a R$ 0,20, com lucro de apenas R$ 0,03. Pelo novo formato, o custo de produção seria ligeiramente maior, mas a rapadura seria vendida a R$ 1, aumentando os lucros.

Os produtores de rapadura de Santa Cruz da Baixa Verde, no interior de Pernambuco, esperam fazer negócios em torno de R$ 15 milhões no próximo ano. A expectativa é decorrente dos contatos, das vendas diretas e indiretas ocorridas durante a Feira da Rapadura, que aconteceu em outubro. A região, conhecida como a "capital da rapadura", ainda guarda resquícios de seu passado de grandes engenhos. A produção é totalmente artesanal. Lá são produzidas 25 toneladas de rapadura por semana, gerando R$ 800 mil mensais. Cerca de mil pessoas trabalham diretamente nos engenhos.

"O Sebrae está estimulando a cadeia produtiva do açúcar. A idéia é começar a usar novas tecnologias. Já temos uma unidade experimental de cultivo", disse Pedro Lira, responsável pelo setorial cana-de-açucar do Sebrae em Serra Talhada. Ele explica que se os engenhos trabalhassem com tecnologia produziriam dez vezes mais. "Vamos ensinar a utilizar 100% da cana. Hoje o aproveitamento é de apenas 50%".

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