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26/10/2004
Bregareia: Cidade de Areia/PB

Tipo de notícia: Absurda

Sertão de Bruxaxá, este foi o primeiro nome dado ao povoado que surgiu na encosta oriental da Serra da Borborema (a 618 metros de altitudes, em relação ao nível do mar), ponto estratégico que servia de apoio para os boiadeiros e tropeiros que vinham do Sertão com destino ao comércio do litoral paraibano no final do século XVII, depois veio Brejo D`Areia, devido a um riacho que se destacava pelos bancos de areia alvíssimas. E, finalmente, Areia.

A cidade existe oficialmente desde 30 de agosto de 1818. Só em 18 de maio de 1846 Areia foi emancipada politicamente. Areia foi a primeira cidade do Brasil a abolir a escravidão, embora os negros fizessem parte da estrutura econômica da região, já que a agricultura do município era basicamente voltada para a produção dos derivados da cana-de-açúcar. Através de uma campanha promovida por dois abolicionista: Manoel da Silva e Rodolfo Pires, a cidade libertou o último escravo em 03 de maio de 1888.

Areia já foi o maior município do brejo paraibano, vindo à assumir expressão econômica durante o século XVIII, através da cultura do algodão. Participou efetivamente de vários episódios revolucionários, como a eclosão da Revolução Pernambucana em 1817. Em 1824, participou juntamente com os pernambucanos da Confederação do Equador. Na revolução Praeira tornou a Paraíba o foco das atenções principais. Em1873, as ruas da cidade tornaram-se cenários da revolta dos Quebra-Quilos, durante dois anos.
Areia também tem como referências, o pintor Pedro Américo; José Américo de Almeida, ex-governador da Paraíba; Dom Adauto de Miranda Henriques, 1º arcebispo da Paraíba; Elpídio de Almeida, médico e ex-prefeito de Campina Grande; Álvaro Machado, fundador do Jornal A União; e muitos outros.

Areia – Patrimônio Histórico Nacional

“No pendor oriental da serra da Borborema, e não muito longe das deliciosas veigas que banha o rio Paraíba, está assentada a modesta e graciosa Areia. Edificada no dorso de uma das ferocíssimas colinas que, juntas formam um como imenso barrocal e começando das planícies marítimas vão se elevando pouco e pouco até as maiores altura daquela serra, ela descortina por todos os lados,e maiormente pelo do sul, até perdê-los em horizonte mais que diáfano, os tortuosos lombos das penedias adjacentes, ora cingidos pelos úmidos e verdes baixios dos brejos, ora rodeados das alvas areias, ou ainda das gândaras fragosas que, continuando-se até além da parte mais equatorial da cordilheira do Apody, vão formar os ardentes sertões do Ceará.

De contínuo banhada pelos ventos irregulares das bandas do mar, que fica-lhe a mais de vinte léguas ao oriente, sob um céu transparente e de cor interessantíssima, cingida de um verdadeiro Éden de robusta vegetação, Areia impressiona menos aos estrangeiros pelos seus habitantes, cujos costumes são simples e brando, pelo seu clima temperado e saudável, pelos seus frutos suculentos e saborosos, do que pelas formosuras de suas mulheres, freqüentemente louras, pela sua tendência à elegância e ao progresso, e, principalmente, pela sua situação geológica, eminentemente própria para desenvolver a sensibilidade e melancolia.

A vida passada na plácida Areia é, com efeito, triste e monótona, Quase invariavelmente iguais às noites em duração, os dias são ali frigidíssimos e sombrios durante o inverno, e no verão radiantes e alegres. Nesta estação, quando o sol, transpondo as últimas assomadas dos mais altos montes do Crumatahú, vai atufar-se nos vapores do ocidente, o céu reveste sucessivamente as mais brilhantes cores do arco-íris. É a hora em que irradiação sideral começa a refrescar a terra, e principia o mugido dos ventos impacientes da noite. Então a luz avermelhada o poente, resvalando pelo cimo das mais altas fragas, encontra perpendicularmente os muros das pequenas habitações de Areia, e presta-lhes, quando considerados de longe, o aspecto de um desses castelos da idade média, cujos tetos ameiados refletiam até o amanhecer os fogos das atalaias noturnas. E esse efeito é completado por uma gameleira gigantesca, que se ergue na parte mais alta da cidade, formando uma espécie de mole escura e quadrangular, semelhante a torre antiga, vestida de musgo, ou denegrida pelo roçar dos séculos.

Cinco minutos depois apagam-se os derradeiros esplendores diurnos, e aos astros da noite derramam sobre a terra a claridade dos seus raios de estanho. Não obstante o albor das nebulosas e cintilar das grandes constelações do firmamento tropical, ou o clarão da luz zodiacal, que sucede imediatamente aos fulgores solares, e que só por si bastaria para reduzir a noite a um simples crepúsculo, Areia é então soturna e tétrica se, todavia, os raios da lua, mais claros ali do que nas planícies orientais da província, lhe não vierem prestar seu pálido brilho. Sem nenhuma das distrações noturnas próprias dos grandes centros de população, sua vida parece estancar com o cair do dia, para recobrar alento aos primeiros alvares da ante-manhã, e tornar a extinguir-se com o sopro do último zéfiro da tarde seguinte.

No outono, as tardes ainda são serenas; porém quando chega o inverno tornam-se tão aterradoras, que os habitantes de Areia nem por sonho ousam sair de suas casas. É a estação dos relâmpagos ofuscantes, dos trovões medonhos, das ventanias arrasadoras e das chuvas torrenciais. Às vezes as nuvens caminham pelo céu do ocidente para o oriente, isto é, contrariamente à sua marcha ordinária: os areienses dizem então que elas marcham em “recuada”, e acautelam-se como se estivessem contemplando a fuga de um exército derrotado. É que a tempestade não tarda, e a tempestade naquelas altitudes é como o ciclone que arranca as árvores, arrasa os plantios derruba os muros, suspende o despenhar das torrentes e esboroa os visos das montanhas. Quando ela passa, deixa revolvidos os canaviais, inundado os vales e as planícies, transformados os ribeiros em rios caudalosos, abertos algares na terra, despojadas as árvores dos seus frutos e das suas folhas, e recolhidas ao seus antros as feras assombradas. Há ali noites de inverno em que as cabras, reunidas em banhados, vem berrar nas frentes das casas, como se pedissem socorro; os touros, fugindo de suas agrestes malhadas atravessam as ruas urrando desesperadamente; os gatos miam e pinoteiam sob a influência da eletricidade decomposta em seus nervos e acumulada em sua pele; e, finalmente,os mochos e os morcegos, deslumbrados do relampejar incessante, abatem-se pelos telhados e crocitam atônitos até passar a tormenta.

(Pedro Américo: O Holocausto,1882, Florença,Itália)



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