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20/03/2006
Globo confunde donos de bares sobre a Copa
A Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão da Copa, publicou
no final de fevereiro dois anúncios divulgando uma restrição de
exibição pública das partidas da Alemanha. Muitos donos de bar nem
viram os avisos. E mesmo quem viu custou a entender do que se tratava.
CONVERSA DE BOTEQUIM
A
notícia equivocada da proibição da retransmissão das partidas da Copa
pegou de surpresa os donos de botecos tradicionais da cidade.
O
português Eleutério da Costa Braga, proprietário do bar Samaro, no
bairro paulistano do Itaim, disse que desconhece o pedido de
autorização. "Se não posso transmitir os jogos no bar, por que eles
instalaram o equipamento de TV a cabo aqui então?", se pergunta.
Seu
Léu, como é mais conhecido, tem três tevês de 29 polegadas e um telão
em seu bar e disse que quer se informar melhor sobre a licença para se
adequar no que for possível. "Cobrar entrada eu não vou. Mas se a
pessoa quiser consumir no meu bar, eu agradeço", diverte-se.
Já Gilberto Luizetto Júnior comanda ao lado da família o Giba´s Bar, na Moóca (foto acima).
O bar tem 42 anos e virou ponto de encontro de amantes do futebol. Com
lembranças do Juventus nas paredes e um ar saudosista, o bar conta
ainda com uma única televisão 14 polegadas. "Quando o jogo é muito
importante, trazemos uma de 29 polegadas, assim todo mundo enxerga
melhor", explica Júnior, que pretende investir em um telão até a Copa.
"Acho
uma palhaçada essa tal autorização. Os caras já vieram aqui no bar
fazer matéria e eu não cobrei nada", retrucou, antes de saber que a
restrição ficava apenas para a cobrança de ingresso.
Agora,
Júnior só pensa em aperfeiçoar suas habilidades para servir melhor a
clientela na época da Copa. "Estou até fazendo um curso de barman para
oferecer umas novidades durante os jogos. O carro-chefe será a
brasileirinha, uma caipirinha com 75% de limão e 25% de laranja". Haja
fígado!
Procurada pela reportagem do
UOL, a Globo
esclareceu que a retransmissão dos jogos, seja onde for, é permitida.
Proibido é levar qualquer tipo de vantagem econômica sobre a
transmissão.
"Se o bar ou restaurante já for assinante de um
serviço de televisão por assinatura que carregue o nosso sinal ou
disponha de um receptor de televisão que capte o sinal de televisão
aberta ou fechada, não haverá necessidade de autorização. O problema
somente surgirá se o estabelecimento pretender cobrar ingresso, fazer
uma promoção comercial com a veiculação dos jogos da Copa ou se
associar com um patrocinador sem a nossa autorização", responde a
Central Globo de Comunicação.
A emissora pretende complicar a
vida de quem insistir em burlar as orientações. Alegando razões óbvias,
não informa como será feita a fiscalização, mas adianta que haverá
"repressão via medidas judiciais e, na hipótese de transgressão depois
de devidamente advertidos, haverá pedido de perdas e danos".
O
anúncio ainda impõe que "o sinal dos jogos transmitidos pela Globosat
seja exibido ao vivo e na íntegra, incluindo todos os intervalos
comerciais e anúncios de patrocínio contidos na programação, começando
a exibição no mínimo dez minutos antes do início da transmissão do jogo
e se encerrando no mínimo dez minutos após o término da mesma, sendo a
proibida a exibição por vídeo tape".
De acordo com o Sindicato
de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo, o contato com
a Globo já foi feito e a emissora alega que está seguindo as regras
"enérgicas" impostas pela FIFA. Agora, o sindicato, que representa 90
mil associados, espera que tais regras sejam flexibilizadas até a Copa,
acreditando na inviabilidade da fiscalização.
O sindicato está
reproduzindo as regras no jornal da categoria, além de divulgar os três
números de telefone da Globo para eventuais dúvidas. Os proprietários
de bares e restaurantes têm posições divergentes sobre a resolução.
Tendo
como um dos sócios o apresentador Milton Neves (TV Record), o bar Pátio
3º Tempo, na Água Branca, conta com um verdadeiro arsenal de oito tevês
e três telões para a retransmissão de jogos.
Segundo José
Golçalves Silveira Filho, gerente-geral do bar, a atitude da Globo é
impopular e agressiva, e o estabelecimento já convocou seu advogado
para contatar a TV Globo, para que possa transmitir os jogos durante o
Mundial de uma maneira mais atrativa.
Folha Imagem
Costume popular no mundo todo, torcer no bar reproduz o clima de estádio
"Estamos
esperando a definição desse impasse para divulgar nossa programação.
Mas adianto que gostaríamos de fazer em cada jogo um evento especial,
com buffet, bebida, camiseta e brinde (uma réplica da taça em bronze)
para o pessoal, tudo incluído em um pacote", explica, discordando das
exigências "infundadas", segundo ele, da emissora.
"O canal é
aberto, não consigo entender onde está a legalidade dessa imposição.
Sabemos que a retransmissão é permitida, mas não há como sustentar o
bar sem a cobrança de ingressos. Não posso deixar que usufruam da
infra-estrutura sem cobrar nada. Esperamos entrar em acordo com a
emissora", argumenta.
A chopperia Preto & Branco, no
Tatuapé, bar temático "99% corintiano" segundo o sócio Maurício
Zandoná, costuma cobrar entrada para quem quer usufruir dos telões e
das comidas do local. "Mas vamos nos adequar para evitar problemas.
Afinal, Copa é época de festa e com certeza, vamos acabar lucrando de
alguma forma", explica, confiante. Para os que pretendem acompanhar os
jogos por lá, um aviso. "Nossa torcida será em preto, branco, azul e
amarelo. Verde, jamais!".