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19/06/2002
Nome de batismo dos Bares

Após ser definido o nome ideal, os proprietários ainda têm que dar duro para fazer jus ao título, principalmente entre os clientes. As histórias são as mais diversas. Há 17 anos, Cláudia e Paulo Galindo decidiram nomear seu complexo de lazer como Chaplin, devido a simpatia que o homônimo personagem inspirava em todos. "É um nome suave, que todo mundo conhece e gosta", afirma.

Com o aumento de ambientes do complexo, veio mais idéias para novos nomes. O Hooters — que quer dizer peitões— "nós tiramos do nome de uma cadeia de bares dos Estados Unidos. O local é bem irreverente e alegre, e achamos que tinha a ver com a nossa proposta em 92", explica.

Já o Balada foi inspirado não na gíria de festa dos paulistas, e se numa viagem em Punta Del Leste, no Uruguai. "Eles falavam tanto em balada, que voltamos com esse nome na cabeça", lembra. Outros ambientes como o Manicômmio e Woodstock revelam que os Galindo dão muita atenção ao nome.

MEDIEVAL - O formato de castelo do albergue Lua Cheia influenciou, obviamente, o nome de seu bar anexo: Taverna Pub. "Seria um ambiente escuro, meio subterrâneo, tinha tudo a ver com taverna", explica Renato de Lucca, proprietário. O lado um tanto excêntrico de ver um castelo medieval em pleno território praeiro do Brasil, funciona como um marketing forte para o local. "É irresistível para muita gente passar por aqui e tirar uma foto", afirma. As noites do local também costumam ser animadas como as de uma taverna, com música e cerveja a rodo. Além disso, há esculturas em ferro e, quem gosta de vinho, pode bebê-lo em canecas de barro.

HISTÓRIA DE GUERRA - Nascido no histórico bairro da Ribeira, o bar Blackout teria que ser mesmo uma referência ao marcante período da 2ª Guerra Mundial em Natal. O proprietário Paulo Ubarana registrou a história no cardápio do bar. "Foi em fevereiro de 42 que os americanos exigiram que as luzes fossem apagadas, um ‘blackout’ mesmo", conta. A idéia partiu da irmã de Paulo, Luciana Ubarana. A casa tem uma motocicleta de 1949 pendurada no teto e fotos de época.

LINHA 66 - O clima simpático do Rota 66 não foi apenas uma referência à famosa estrada americana que vai de Los Angeles a Chicago. O gerente Arturo Lopes conta que influenciou o fato do número do local ser 66, e também o número da linha de ônibus que passa pela área ser 66. "Juntamos isso ao fato de estarmos em frente a uma estrada, e caiu bem o nome", explica. O conceito jovem do bar emplacou, e foi bater em Pipa, onde está desde janeiro.

SETE É TUDO - Também de proposta jovem, o conceito do Seven está totalmente ligado ao seu nome. "O número sete inspira várias coisas interessantes: é o número de cores do arco-íris, são sete as maravilhas do mundo, é o número de vidas do gato, são sete os pecados capitais, e sete é considerado em algumas culturas, o número da sorte", lista. Com isso, a casa poderia fazer eventos de diversos temas e abordagens, seria algo muito eclético. "Nosso novo ambiente, que deve abrir em breve, vai investir forte na decoração temática", avisa.

NO REINO PERDIDO - "Vamos para o Beleléu"? Esse e outros trocadilhos diversos ajudam a chamar atenção sobre o bar Beleléu, aberto no Center Onze. O nome veio de um livro que a proprietária Simone Betoni leu na infância, chamado "No Reino Perdido do Beleléu". "É um lugar onde você vai encontrar alguma coisa que está procurando. Eu sonhei com isso", diz. No caso, encontra-se jazz e blues às quartas, sextas e domingos, sanduíches caprichados e saladas diversas. E quem quiser encontrar o beleléu, Simone mostra o livro. "Está aqui a disposição de quem quiser ler".

O point boêmio Kazarão, antes de ocupar seu atual endereço em Petrópolis, abriu em 1973 em um belo casarão na Campos Sales, no Tirol. Segundo o proprietário Temístocles Amador, o nome veio daí. "O toque diferente veio na grafia com o "K" e o "Z", porque o nome casarão é muito comum. Demos um tom mais comercial à coisa", conta. Quando apareceu uma novela com o mesmo nome, a fama do Kazarão subiu ainda mais. Hoje o "kazarão" deu lugar a um condomínio chique, mas a festa continua no novo endereço.

JOGOS E MAGIA - O Black Jack, do Ponta Negra Mall, é uma citação do jogo de baralho, que remete a alegria dos cassinos. "Foi basicamente isso. Queríamos mencionar um lugar divertido e fino, como um cassino", fala Galileu Belincampa, primeiro proprietário e criador do bar. O forte do Black Jack são as bebidas e os coquetéis a base de champanhe, entre outros.

O vizinho de praça de alimentação, o bistrô Afrodite, foi, como não poderia deixar de ser, uma concepção de duas mulheres, as sócias Jacqueline Pereira e Sônia Benevides. O livro "Afrodite", de Isabel Allende foi uma influência básica também. Associando o misticismo da deusa grega do amor e da beleza com uma culinária francesa, nasceu o conceito do bistrô. "A cozinha é um lugar onde se faz poções mágicas. No nosso caso, para estimular o paladar", diz a alquimista gastronômica. Quem experimenta o saboroso ‘wrap’ já se considera enfeitiçado.

SÓ MPB - O bar Aconchego Brasileiro, em Ponta Negra, se reveste de brasilidade logo no nome. "É uma casa que investe forte na programação musical de MPB. Quem vem aqui, sabe o que vai ouvir", diz a proprietária Célia Medeiros. Cada dia há um artista diferente na casa, de nomes como Jailton, Waldir Luz e Edmar Costa (que também é sócio do Aconchego). Além do som, o Brasil varonil se vê na decoração, com um painel pintado como uma colorida floresta. Já o "aconchego" do brasileiro tem a ver com o clima do local. "aqui a música não atrapalha. Pode-se conversar à vontade", afirma Célia

Os inesquecíveis

LIBERTÉE - Dos anos 70 para os 80, esse foi o point para os natalenses dos 16 aos 30 anos. O local funcionava entre as ruas Getúlio Vargas e Joaquim Fabrício, em Petrópolis. Era como um bar aberto, com serviços de lanchonete e pizzaria. No som, de fita (não tinha bandas ou DJs), rolavam os grandes sucessos pop internacionais da época. "Parece comum hoje, mas era o máximo no período", relembra o colunista Jota Oliveira, freqüentador assíduo. Oliveira era festeiro forte da época, e relembra outros nomes como Boteco, 744, Club 7, La Prison, Vela, Augustus, Royal Salute, e o Mikonos Bar. O roteiro parece ser mais extenso que os de hoje...

"BOITE" BAMBELÔ - Um local bem "moderno" para a província natalense, a "boite" Bambelô era o máximo nos anos 60. Instalada ao lado do Parque Aquático do Hotel Reis Magos, reunia o povo jovem embalado por uma decoração chique, luzes psicodélicas e modernas, cardápio amplo, ar condicionado e música ao vivo. "Era o templo daqueles que curtiam a vida com alegria", lembra o funcionário público Luiz Antônio Porpino.

No local os habitués poderiam caprichar no visual. As vestimentas eram multicoloridas, e as meninas exibiam as generosas mini-saias, blusas Saint Tropez, sandálias confortáveis e sapatos deslizantes para o piso de madeira. Não havia sensores ao rostinho colado e nem aos "amassos". Usava-se até mesmo estimulantes inofensivos como lança-perfume e rodouro, de forma comedida. O pessoal era moderno, mas nem tanto...

BAR ESPERANÇA - Saído da ficção, o "Bar Esperança, o último que fecha", marca um dos melhores momentos de Hugo Carvana. A comédie é temperada por um escritor frustrado por trabalhar a contragosto na televisão, uma atriz de novelas insatisfeita com a vida profissional, um artista plástico que expõe suas obras no banheiro de um botequim e, como ponto de fundo, um bar que deve fechar por conta da especulação imobiliária.

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