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11/11/2006
As novas apostas da Ford

Tipo de notícia: Off Road

A Ford do Brasil está na lama. E anda feliz da vida com isso. Nesta semana, a quarta montadora do mercado deve anunciar a compra da cearense Troller, a fabricante de jipes e picapes preferida por nove entre dez “trilheiros” do País. Foram seis meses de negociação e viagens seguidas ao município de Horizonte, onde está sediada a pequena produtora de off-roads leves, para convencer o empresário Mário Araripe a se desfazer da marca. O valor da proposta ainda é mantido em sigilo. Na Ford, a resposta oficial é o evasivo “estamos sempre atentos às oportunidades de mercado”. Na Troller, o departamento de comunicação afirma que a empresa não vai comentar “essa” negociação. Na fábrica de Horizonte, porém, um funcionário ouvido por DINHEIRO disse que as conversas entre as duas empresas se intensificaram nas últimas semanas e que houve a promessa de um anúncio interno nos próximos dias. O que se sabe é que a Ford aguarda apenas um parecer da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará autorizando o repasse (para ela) dos benefícios fiscais concedidos à Troller. Com a compra, a montadora de São Bernardo levará para casa uma empresa que fatura R$ 102 milhões ao ano e produz, em média, 150 carros por mês. Pouco? Para os padrões Ford, sim. “Mas o que conta nesse jogo é a possibilidade de ingressar num nicho, o de off-roads, que cresceu 35% no último ano, bem acima do mercado como um todo”, diz Natália Innocenzi, analista da consultoria Frost&Sullivan. A Troller é um prato cheio para o novo presidente da Ford, o brasileiro Marcos de Oliveira. Ele chega à montadora com a fama de ser um expert em produtos e um desbravador de mercados. Nada melhor, então, do que recepcioná-lo com um jipão 4x4.

A nova aquisição não trará benefícios apenas para o mercado caseiro. Alguém na Ford deve ter farejado uma excepcional oportunidade de exportação com os jipes da Troller. Veja o México, por exemplo. É um país ávido por novidades. A Ford experimentou esse desejo pelo novo quando começou a levar Ecosports do Brasil para lá. A demanda, hoje, é tão grande que a fábrica de Camaçari, na Bahia, operando em três turnos, não está conseguindo atender às encomendas. Se é assim, por que não apresentar-lhes outro veículo diferenciado e mais barato do que seus similares internacionais? O México não é um país com grandes ofertas de veículos 4x4. Existe ainda a vantagem do acordo bilateral, que permite isenção de impostos no comércio entre os dois países. Além disso, os jipes da Troller podem ser uma boa alternativa para países em desenvolvimento. É claro que para isso acontecer os carros da montadora cearense terão de ganhar um banho de loja. A primeira medida é substituir a carroceria de fibra de vidro por aço. Outra providência é mexer no acabamento interno dos jipões. O trilheiro lá de fora quer robustez, mas também exige tecnologia. Isso tudo só será viável financeiramente se a nova controladora aumentar a produção da Troller. E é óbvio que o fará (ou alguém imagina a quarta montadora do mercado, com uma revenda gigantesca e planos de exportação, contentando-se com uma centena de carros/mês?). Com a produção turbinada, marketing agressivo e jipes repaginados, abre-se uma grande possibilidade de vendas, no Brasil e no Exterior. “Além disso, a Ford sabe da aliança da Volks com a catarinense Tac, que começará a produzir off-roads no ano que vem. É a concorrência dos grandes nos pequenos nichos de mercado”, lembra Natália, da Frost&Sullivan. Os preços dos veículos da Tac serão semelhantes aos da Troller, entre R$ 70 mil e R$ 80 mil.

Do lado da Troller, o paraíso. Mário Araripe, engenheiro graduado pelo ITA e pós-graduado em Harvard, levou adiante – e com sucesso – o sonho de um veículo 100% nacional. Começou a Troller em 1997, numa área de 1,2 mil metros quadrados, sem piso. Contava com ajuda de 12 funcionários. A empresa cresceu explorando nichos. Fez carros para transporte de minérios, outros para polícia e para os bombeiros. A partir de 1998, resolveu se dedicar aos off-roads. Hoje, seu carro-chefe é o Troller T4, com motor eletrônico 3.0 Turbodiesel. Outro destaque é a picape Pantanal, que acaba de ganhar a versão cabine dupla. Além da fábrica de Horizonte, a empresa tem o Centro Troller de Desenvolvimento, em Vinhedo (SP), um escritório comercial na capital paulista e é representada por 25 revendas no País. Araripe sabia que seu sucesso não passaria em branco. Recebeu algumas propostas de compra ao longo da curta história da Troller e recusou todas. Agora, pelo visto, a oferta da Ford o seduziu. Mas ele não pretende largar assim a montadora. Na negociação, deverá ficar com parte das ações e quer permanecer no comando da empresa. A questão está sendo discutida.

Ao mesmo tempo que acertam os últimos detalhes da compra da Troller, os executivos da Ford se preparam para receber o novo chefe, que atuava no departamento de produção da Ford em Dearborn (EUA). Marcos de Oliveira assumirá o posto em dezembro no lugar de Barry Engle, que ficou um ano e dois meses no cargo. A Ford do Brasil constatou o óbvio. Depois da experiência bem-sucedida de colocar um brasileiro no comando (ela não vai esquecer tão cedo a gestão de Antônio Maciel Neto), a montadora repete a fórmula, importando da matriz outro patrício. Um nativo conhece mais as peculiaridades do País e fala a “mesma língua” de sindicalistas e revendedores. “Sei que o Marcos dará continuidade ao programa de fortalecimento da engenharia local, que foi o fator decisivo no ‘turnaround’ feito na região”, diz Maciel Neto, hoje no comando do grupo Suzano. Mas quem é Marcos de Oliveira? Engenheiro mecânico de formação, ele passou pela Visteon do Brasil, do México e da Espanha. Da fabricante de autopeças, saltou para a presidência da Ford na África do Sul e depois para o comando da filial mexicana. “Ele realizou um bom trabalho por lá. Quando o Brasil fez o megaprojeto de exportação para o México, nós costuramos juntos as estratégias da Ford”, diz Maciel. Do México, Oliveira subiu aos EUA. Agora, assume o Brasil.

E assume num momento em que a montadora precisa reforçar seu mix de produtos. O trabalho de recuperação já foi feito. A Ford do Brasil, diga-se, virou uma ilha dentro de um grupo que registrou prejuízo recorde de US$ 5,8 bilhões no terceiro trimestre deste ano. A filial, ao contrário, vem de três anos de um reluzente azul. Em 2005, a América do Sul registrou lucro de U$ 389 milhões. Embora a empresa não revele números locais, é possível ter uma idéia da posição do Brasil, que representa cerca de 60% dos ganhos no continente. Oliveira tem a missão de fazer a Ford, dona de 12% do mercado, subir alguns degraus no setor. “A receita é investir em produto”, garante Natália, da Frost&Sullivan. Por isso, a empresa reservou R$ 300 milhões para lançar um carro compacto, seu trunfo para o segmento dos populares. No mais, vai buscar nichos para aumentar a rentabilidade. Resta saber o que Oliveira trará na bagagem para 2007.

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