04/09/2003
Descoberta triplica reserva de gás do país
A reavaliação foi anunciada na sexta a investidores que participaram de uma conferência por telefone com os diretores financeiro e de Exploração e Produção da estatal, José Sérgio Gabrielli e Guilherme Estrella. No entanto, diferentemente do que tem sido a norma da empresa, não houve divulgação ampla.
Com o reservatório recém-descoberto, as reservas comprovadas de gás do Brasil se aproximam das comprovadas da Bolívia, avaliadas em 680 bilhões de m3.
Em abril, quando anunciou a descoberta na bacia de Santos, já se tratava da maior reserva do país. A bacia de Santos é a segunda província petrolífera do país, depois da de Campos (RJ).
O reservatório foi encontrado em águas rasas, a uma profundidade de 485 metros da lâmina dágua --bem menor do que as mais recentes descobertas da estatal.
Mercado consumidor
Além do significativo volume de gás encontrado, a descoberta é importante por localizar-se em frente ao maior mercado consumidor nacional --o Sudeste.
O gás foi localizado a 137 quilômetros do litoral de São Paulo. O poço perfurado no qual se encontrou a reserva tem um profundidade de 4.956 metros, a partir do solo marinho.
O novo reservatório tem capacidade para produzir 55 milhões de m3 de gás por dia durante 20 anos, o que supera toda a produção atual da Petrobras, no Brasil e no exterior, que é de 46,2 milhões de metros cúbicos por dia.
Atualmente, boa parte da produção da Petrobras vem da Bolívia, onde a estatal tem grandes reservas de gás nos campos de San Antonio e San Alberto. O problema, segundo especialistas, é o que fazer com o gás. Com o fracasso do programa termelétrico e sem que as indústrias se interessem por usar o insumo em larga escala em seus processos produtivos, o mercado de gás não deslancha no Brasil.
Por isso, o governo brasileiro negocia com o boliviano tanto a redução dos volumes importados quanto do preço estabelecido em contrato. Hoje, são trazidos cerca de 11 milhões de m3 do país vizinho, mas, por força das regras do contrato, a Petrobras paga por 14,3 milhões de m3.
