22/09/2003
Festa da Cerveja quer acabar com estereótipo
A festa, criada no século XIX por ocasião de uma cerimônia de casamento real, era destinada, no princípio, às famílias dos camponeses da região sul de Munique.
Atualmente, quase seis milhões de pessoas comparecem a cada ano ao evento. A maior parte do público tem menos de 30 anos e 15% dos visitantes são estrangeiros.
"Muito álcool é consumido. Combina-se a isto uma atmosfera de multidão festiva e temos uma fórmula potencialmente explosiva", afirma Maike Bublitz, co-fundadora do novo "centro de segurança" para as mulheres. "Tudo começa com uma tentativa de passar a mão e pode terminar em estupro. Isto acontece todo ano", acrescenta.
Nas 14 tendas gigantes em que a festa acontece, o calor, a música num volume altíssimo e a falta de espaço contribuem para um clima de desinibição que, às vezes, termina com exibições de streap-teases nas mesas.
Onze agressões sexuais, com seis estupros, foram denunciadas em 2002, um índice 18% maior do que o registrado no ano anterior, segundo a polícia. Porém, na opinião de Bublitz, as agressões sexuais são dez ou vinte vezes mais numerosas.
O centro de emergência oferece às vítimas um lugar de proteção, dá assistência psicológica e jurídica. Além disso, ajuda no retorno para casa com segurança.
Para que os participantes tenham consciência do problema, os organizadores criaram uma campanha com o lema: "Uma cerveja, um pedaço de frango, um beijinho e depois...uma agressão sexual?". "Não queremos atrapalhar a festa de ninguém, apenas que as mulheres desfrutem tanto quanto os homens e se sintam seguras no evento", explica Bublitz.
Geralmente esquecidas, as crianças também receberam tratamento especial este ano. Um espaço com jogos, animadores e passeios de pônei foi criado para elas.
A festa é uma importante fonte de recursos para a cidade de Munique, possibilitando a entrada de quase US$ 900 milhões por ano no caixa do município.
