18/02/2004
Folia de Cajueiro
Tudo começou há 20 anos quando um grupo de veranistas passava o carnaval numa praia pouco movimentada, apesar de hospedar o maior cajueiro do mundo. Com pouca tradição carnavalesca e nenhum movimento aparente, um grupo formado por um médico, um militar e dois professores universitário resolveu brincar de fazer carnaval, assim nasceu a Banda do Cajueiro no carnaval de Pirangi.
O grupo de vizinhos reuniu a sua família, amigos próximos e agregados, contratou uma batucada e desfilou pelas ruas da pacata praia num carroção de lixo da Prefeitura. No ano seguinte dois instrumentos de sopro foram acrescentados à batucada e o ano foi marcado por uma das história mais engraçadas Banda do Cajueiro. Segundo um dos organizadores e fundadores da banda, José Maxuel Albuqueruqe, "os dois músicos não queriam se apresentar por receio de não pagarmos o cachê cobrado". Histórias como essa marcam a trajetória do carnaval da Banda do Cajueiro, inocente, sem grandes pretensões e totalmente informal.
O processo de evolução da banda foi acompanhado pelo carnaval de Pirangi e a agremiação foi uma das grandes responsáveis pelo surgimento de um movimento carnavalesco na Praia, assim como o estouro de Pirangi como principal destino do verão potiguar. Com o passar dos anos, o bloco foi tomando uma forma maior e no terceiro ano já era puxado por uma orquestra, regida pelo Maestro Paiva. Por volta de 1988 a Banda do Cajueiro já contava com uma orquestra de 40 músicos. Com o estouro da música baiana no Nordeste, a febre dos carnavais fora de época e a chegada de trios elétricos e Circo da Folia ao carnaval de Pirangi, a banda não se fez de rogada, acompanhou a evolução, trouxe um trio da Bahia, embalando 1.800 foliões pelas estreitas ruas da praia da moda. A partir de 2000 a banda assumiu o formato de uma trivela, com um trator puxando a orquestra de músicos.
Mas o ano de 2004 será diferente e muito especial. Além de comemorar os 20 anos de sua fundação, a Banda aproveita a data para fazer um retorno ao seu formato inicial, que sairá sábado, domingo e terça-feira de carnaval com duas orquestras compostas de 15 músicos cada. A iniciativa coincide com o tema do carnaval de Pirangi 2004 - O Carnaval do Pé no Chão.
O aniversário da banda também marca a renovação da diretoria. "Já fizemos a nossa parte, queremos renovar nossa diretoria e nós seremos a partir de agora uma espécie de Velha Guarda da Banda do Cajueiro", explica Maxuel. A nova diretoria é composta por Moacir Albuquerque e Palocha.
Então quem quiser pular os três dias acompanhados de Seu Cajú e Dona Castanha, casal símbolo do bloco, deve entrar em contato com os telefones: 222-6461 (Sandra) ou 9982-3425 (Moacir). Em Pirangí os foliões devem procurar o Supermercado Germano. A camiseta custa R$30,00 (individual) R$ 50,00 (casal). Criança não???
A Banda do Cajueiro sempre foi um ponto de unificação entre a família, crianças, adultos e adolescentes - que conviviam em harmonia dentro do cordão de isolamento. Mas, no ano da comemoração, uma notícia entristece os componentes da Banda do Cajueiro e dos veranistas da praia de Pirnagi. A Juíza Maria Francisca Tereza Maia Diógenes, da Vara da Infância e Juventude de Parnamirim, baixou uma portaria que determina a proibição de crianças menor de 12 anos de idade em blocos e em festas carnavalescas em todo o município.
A limitação causa uma pontinha de revolta nos organizadores da festa. "Não há notícia de nenhuma espécie de briga, tumulto ou agressão no carnaval da Banda do Cajueiro, fazemos um carnaval pacífico e a presença de crianças é fundamental para nossa alegria", disse Maxuel.
